domingo, 13 de setembro de 2015

chave de grifo


A torneira da pia pinga, gotas de confiança.
A minha esperança é que não a deixe transbordar.
Ja cansei de acordar e pisar no chão molhado.
E perceber que meus sapatos não estão onde deveriam estar.

Assim, como tudo que deixei, sumiu: tapedes, quadros, risos e abraços.
Ninguem viu.
O que não pode levar, quebrou: janelas, pratos, vasos, coração e o amor.

Que as paredes falem por mim
Que não esqueçam de dizer
Do dia em que morri
Afogado e com sede

De garganta seca a voz custa a sair
De luzes acesas pra que melhor eu possar ver
Essa casa cair
.





terça-feira, 24 de setembro de 2013

Inquilino

Corro em disparada até a linha marcada
Depois de avançada perde toda a graça
Vejo o desejo perdido em um beijo
Assim como vejo a vontade sumir toda vez que fraquejo

Tirem a linha
Construam um muro
Quero ver se seguro
Se aguento o murro
Das mãos que ja deram carinho
Hoje sozinho me defendo das mesmas.
São só aparências
Sem mais inocência
Não me engana
Nunca inflama
Por mais que me chama toda a sua carência

Tirem o muro
Construam um prédio
Com tijolos de tédio
Cimente meu ego.
Vinte andares de ódio
Quero ver se me jogo
Quero apender do seu modo.
Janelas pra que?
O teu quarto é escuro, onde até um sussurro se torna um grito
Tudo agora é um mito.
Por isso eu minto, me sinto aflito na sua tortura

Esse prédio é pequeno.
Há lixo no terreno.
Flores regadas com chuva e sereno.
Água suja e veneno para as que nascem sozinhas.

Destruam o prédio
Me deixem em ruínas e eu nego ter pedido primeiro que tirassem a linha.

A mesma coisa recheada de coisa mesma. (pão de queijo com queijo e requeijão)

Ja acorda pensando em dormir
Levanta querendo deitar e ficar pra sempre ali
Se arriscando em segurança
Quando chove inventa de sair
Se o sol brilha insiste em ficar em casa
Com medo de se molhar
Sem sal, sem graça

Tem sempre o mesmo gosto
Sempre a mesma cor
A mesma textura
E nenhum sabor
A mesma coisa recheada de coisa mesma.

Trabalha pra pagar os sorrisos que o dinheiro traz
Ja no final do mês não te vejo sorrir mais
Guarda os seus "reais"
Como quem guarda rancor
Embaixo do colchão
Dividindo o mesmo cobertor
Isso é tão sem sal
Tão sem graça

Nem percebe que a vida lhe oferece tantos outros pratos
Mas você cozinha sempre o mesmo
Em fogo baixo
Fica sem sal
Sem graça

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Colheres não machucam.

Faca afiada que corta e afia a faca que rasga e ensina a faca que é cega.
Vê quem aprende e nega, mesmo que seja balela, mesmo que seja ela, mesmo que não seja mais tão bela.
O corte ainda é o mesmo, ainda sangra vermelho, ainda grita em desespero.
Vale lembrar qual cicatriza primeiro e qual arde mais.
O pior tu ja faz, até quando estamos em paz. Me corte outra vez mais e vera laminas más.
E só um ensaio, sangue falso e drama. Embora eu sinta o cheiro que vem desse seu medo de ver o que vejo.

terça-feira, 2 de abril de 2013


É como correr de joelhos para que a queda pareça menor
É como desejar amnesia para esquecer o que sofreu
E como lição só leva a dor de nunca aprender.

domingo, 25 de novembro de 2012

O impaciente sem pressa (Parte 1)



1
   Começamos aqui, nesta casa recém reformada. Paredes azuis escondem bem o que a solidão pintou. As paredes dessa casa nunca viram tantas pessoas sorrindo, jamais foi visto mais de duas pessoas ocupando o mesmo comodo. Só por hoje esta tudo diferente, todos bebem, dançam e gargalham mostrando dentes amarelados e obturações
  Eu assisto tudo calado, olhando para cada rosto e tentando entender como tudo aconteceu. Meu tapete, meus quadros, meu piano... tudo que é meu, encontra-se do lado de fora. Agora o que vemos são moveis brancos sem graça combinando e um lustre que deve custar mais que todas as minhas porcarias que jogaram no lixo.

  A festa continua, comemoram meu aniversário, comemoram cada segundo que o relógio me suga. Filhos de tristes putas.

    Assisto tudo calado. Vejo ela, o bela e jovem protagonista do meu inferno, minha ex-esposa, cumprimentado e elogiando cada convidado que chega com uma garrafa de vinho ou uma bebida qualquer.
   Ela sorri, parece feliz, por mais podre que sua felicidade pareça. Ela esta linda, radiante. Uma verdadeira puta de luxo! Foi assim que a conheci, mas sem luxo algum.
   O pai foi um bancário que acabou virando um criminoso, um tempo depois foi morto por agiotas  Sua mãe foi consumida pelas drogas. Acredito que o pai se endividou bancando cada bucha que aquela mulher aspirava como se fosse a ultima, cada pedra como se fosse a ultima, até que chegou a ultima picada na veia. A unica coisa que sei é que nunca vi uma mulher foder tanto com a vida de um homem como foi nesse caso.
   Sozinha no mundo herdou a beleza da mãe e a inteligencia do pai. Em seu primeiro momento de desespero foi se aventurar nas ruas. Seu primeiro cliente, eu.
Uma mulher de qualidades notáveis, e uma ambição mais notável ainda. A culpa é minha.


  A vida era boa. Fama,poder e dinheiro. Dono de uma grande rede de casa de jogos. O dinheiro comprava tudo, amigos, respeito, mulheres... tudo.
Lembro da noite que perdi tudo o que eu tinha em uma maldita aposta. Percebendo que não tínhamos mais porra nenhuma, o que ela fez foi correr aos braços daquele que ganhou a aposta. Foi como um brinde, leve minha casa, meu dinheiro, tudo que tenho, e ganhe uma mulher fria e calculista que te trocaria por uma maçaneta se fosse banhada a ouro.
    Quando estamos fudidos, a ultima coisa que queremos é alguem lembrando o quanto estamos fudidos. No fim das contas, foi um bom negócio.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Noite

       Gosto de olhar para o céu e ver milhares de estrelas.
       As vezes elas não aparecem, mas tenho certeza que estão lá.
       O que aconteceria se aos poucos elas sumissem?
       Certamente não me acostumaria com um céu completamente escuro sabendo que nem sempre foi assim.
       Então um dia elas ressurgiriam para me lembrar que as coisas mudam, e o que é bom volta.
       A cada noite as estrelas se mostrariam mais bonitas, e eu diria que as amo, para que se um dia elas novamente fossem embora voltariam para me lembrar o que é amor.